Existem pessoas que decidiram não envelhecer apesar do tempo, das rugas, dos cabelos brancos e da visão turva. Existem jovens que mantiveram seus ideais intactos e levaram para a vida adulta todos os seus sonhos e inspirações da adolescência – uma época em que "dói" crescer. Estes, hoje, são presidentes, médicos, esportistas, professores, comunicadores... Pessoas que nos causam admiração e que se tornaram referenciais nacionais e internacionais.
Olhando para os "cronologicamente" jovens, também percebemos que uma nova safra surgiu (aliás, estas safras nunca deixaram de surgir). Porém, hoje, as drogas, a violência e, especialmente, a afetividade deturpada têm sufocado esta geração, colocando verdadeiramente em risco a juventude que sempre trouxe uma esperança aos problemas contemporâneos da humanidade.
Se dermos uma passada em cadeias públicas ou de segurança máxima, unidades terapêuticas no combate e prevenção às drogas, casas de apoio ao soropositivo em fase terminal e em outros ambientes similares, veremos um quadro assustador. Muitos jovens inteligentes e cheios de dons estão ali, tentando não desistir dos sonhos e inspirações. Mas esses sonhos, muitas vezes, se transformam em pesadelos. Na mensagem para a XXV Jornada Mundial da Juventude, o Papa Bento XVI afirmou: “Apesar das dificuldades, não vos deixeis desencorajar nem renuncieis aos vossos sonhos!”
É preciso um “levante”! É preciso que esses adultos que hoje decidem, formam opinião, ditam ritmos e velocidade da moda, do câmbio, das notícias e que não perderam seus ideais de juventude unam-se aos jovens que, por milagre, por boa educação familiar e religiosa, não se corromperam. É preciso que esses adultos façam algo realmente significativo, pois existem, ouso dizer, milhares e milhares de jovens que não desistiram desse desafio de mudar as faces distorcidas da sociedade.
Por onde passo, vejo o brilho nos olhos dos jovens. De um lado, vejo jovens de 18 anos servindo no Exército israelense, com suas metralhadoras penduradas no pescoço, enquanto degustam seus sanduíches, sorrindo e se abraçando. Do outro lado de um muro que traz divisão, jovens palestinos. No fundo, todos querem paz. No Paraguai, vi jovens que, apesar de toda humilhação das gerações anteriores, por causa de uma guerra violenta, não desistem e querem ver o país com alta “autoestima”. Em tantos países, vejo jovens brasileiros morrendo de saudades de seu país, enquanto batalham por uma vida melhor.
Os jovens que rezam, estudam, lutam para se manter castos; que sonham e honram os pais, erram e caem, mas se levantam; que saem das drogas, cantam, dançam, votam... São esses os jovens que têm o direito de errar tentando acertar, que precisam ser corrigidos e orientados por uma sociedade que precisa aprender a amar a juventude.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já declarou 2010 como o Ano Internacional da Juventude. Essa juventude pode mudar o rumo do mundo, da consciência ecológica, ética, política, sociológica e antropológica. É o jovem que pode, agora, tocar nisto e mudar o destino do planeta. As visões escatológicas, de fim de mundo, são baseadas no que muitos anciãos fazem por interesses pessoais e econômicos. Mas ao jovem o que interessa é viver, ter tempo para crescer. O jovem é o maior interessado em mudanças. Este é o momento para quem está vivo, e bem vivo, agir.
É muito difícil e triste imaginar jovens que não queiram viver. Se eles estão nas drogas, no crime, ou até mesmo na depressão, é porque os adultos não os valorizaram, não acreditaram que aquela criança ou adolescente teria a chance real de ser alguém que, nos planos de Deus, pudesse mudar o mundo. É assim que devemos pensar. Basta um jovem, apenas um, e o mundo pode ser melhor.
Por causa de alguns homens, pessoas que não tiveram a chance de ser um bom jovem, o rumo da história e da humanidade eclipsou-se por um tempo. O que fará um adulto que na sua juventude não foi incentivado, educado com o bem, com religião, família, cultura, ciência, ética etc? Está em nós pais, professores, educadores, padres, pastores e políticos a responsabilidade de formar e esperar “novos” Ayton Senna, Pitanguy, Ziraldo, Chico Mendes...
Se esses jovens estão hoje com 16, 17, 18 anos, nem sabem o que espera por eles. É nossa a missão de plantar, regar e colher. Que o Criador nos ilumine para não desistirmos de nós mesmos ao esquecer que um dia fomos jovens e que hoje, como adultos, podemos acreditar que a vida continua nos filhos que geramos e que são, sem dúvida, uma versão melhorada de nós mesmos.
Eu acredito no jovem.
* Dunga é missionário da Comunidade Canção Nova, apresentador do programa PHN transmitido pela TV Canção Nova e locutor da Rádio Canção Nova AM e FM. É autor de quatro livros e já gravou oito CDs. Seus recentes trabalhos são o livro "Abra-se a Restauração” e o CD "Transfiguração”.
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